sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Do nosso quintal para o mundo

Já estão praticamente definidas as eleições municipais deste ano. Em todo o Brasil poucas são as cidades que terão um segundo turno, sendo que no Paraná apenas dois municípios estão nesta condição. Uma análise geral da situação mostra que infelizmente o meio ambiente é um tema que ainda não está colocado com a necessária ênfase em nossas eleições municipais. Por conseqüência, claro, é provável que posteriormente também seja uma questão pouco contemplada.

Nisso, Cornélio Procópio foi uma exceção de qualidade, onde a água foi um tema marcante devido à situação também especial da cidade, cuja concessão do serviço de água e esgotos está pendente, e também em razão do trabalho do Movimento Água da Nossa Gente, que trouxe ao cotidiano do procopense este assunto tão importante.

Mesmo com a divulgação de um fato importantíssimo em meio à eleição, como a lista dos 100 maiores principais destruidores do ambiente na Amazônia Legal, o meio ambiente não entrou em nenhuma discussão política municipal com o merecido destaque.

A lista foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente no final de setembro e com ela veio a má notícia de que ocorreu um aumento de 134% da região desmatada em agosto em comparação a julho deste ano.

Parece prevalecer no Brasil a concepção equivocada de que as questões do meio ambiente são de responsabilidade federal ou, na melhor das hipóteses, um assunto do âmbito do governo estadual. Neste caso, falham bastante nossas lideranças políticas, que teriam o dever de esclarecer os cidadãos sobre a imensa importância de cada município no ataque aos problemas ambientais brasileiros e até preocupantes questões internacionais como o aquecimento global e a escassez da água. Mas também temos que lembrar que uma parcela da responsabilidade é da sociedade civil brasileira, que deveria agir mais para a inserção do meio ambiente como um elemento cotidiano em nossas administrações municipais.

O conceito de pensar globalmente e agir localmente não é novo, mas infelizmente não tem sido incorporado na vida das nossas cidades com a urgência que as progressivas dificuldades ambientais exigem. Já há algum tempo que ambientalistas, cientistas e até políticos com mais conhecimento a respeito do tema vêm alertando sobre a necessidade do uso do conhecimento científico acumulado pela humanidade para o desenvolvimento de ações locais que, interligadas entre si, município a município, poderiam criar condições ambientais bem melhores para o País.

A divulgação do imenso aumento do desmatamento da Amazônia e sua falta de eco nas discussões políticas nas eleições municipais − que em seu conjunto pouco trataram de ecologia − é um demonstrativo de que muito ainda tem que ser feito para criarmos uma consciência sobre a importância do meio ambiente como um tema permanente no cotidiano da vida das cidades.

É preciso insistir na necessidade da ação local como um instrumento essencial para o equilíbrio ambiental do País e até do mundo todo. Para que fique claro que o desmatamento da Amazônia, por exemplo, é uma questão também de cada município brasileiro. Mesmo porque, se a destruição for mantida neste ritmo, logo os efeitos danosos chegarão aos nossos quintais.

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