quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Relatório da ONU alerta para o desastre climático

O Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, divulgado nesta terça-feira em Brasília, lança um forte apelo aos países desenvolvidos para que cortem suas emissões de carbono e destinem recursos para custear danos e adaptações nos países mais pobres. O relatório afirma que existe o risco das mudanças climáticas interromperem e depois reverterem o progresso construído através de gerações, não só na redução da pobreza, mas também em saúde, nutrição, educação e outras áreas.

O Programa das Nações Unidas (PNUD) é a agência da ONU para promover o desenvolvimento humano. Todo ano, o relatório analisa em profundidade algum tema de desenvolvimento humano. Neste ano foi o impacto do clima.

Segundo o relatório, se nada for feito para conter as emissões de gases nocivos ao meio ambiente a temperatura do mundo pode subir 5º C até o fim do século. Se houver ação coordenada, o impacto pode ser reduzido para 2º C. A conclusão é que o modelo econômico que determina o crescimento e os níveis de consumo nos países ricos é ecologicamente insustentável.Porém, afirma o relatório, “com as mudanças corretas, não é tarde para cortar as emissões de gases estufa para atingir níveis sustentáveis, sem sacrificar o crescimento econômico".

O relatório aconselha os países mais ricos a cortar as emissões em pelo menos 80% até 2050 e, além disso, que destinem um adicional de pelo menos U$ 86 bilhões até 2015 aos países pobres, que deverão sofrer mais com as mudanças climáticas. "Cidades como Londres e Los Angeles podem enfrentar enchentes com o aumento do nível do mar (causado pelo aquecimento global), mas seus moradores estão protegidos por sistemas avançados de defesa de enchentes", diz o texto.

Os países ricos estão investindo um grande volume de recursos com infra-estrutura para proteger suas populações dos efeitos climáticos. Os países mais pobres, no entanto, não estão preparados para o problema. Segundo o relatório “nossa geração vai experimentar reversões muito grandes, com sérias ameaças para para o Nordeste brasileiro, o Delta do Gandi e a África subsaariana”. Com as mudanças do padrão de temperatura no Cabo da África, colheitas fracassarão e pessoas terão que enfrentar a fome e com a escassez de água.

As populações desses países passarão também pelo maior deslocamento nas próximas décadas. O ex-arcebispo sul-africano, Desmond Tutu, responsável por uma seção especial do relatório, chama essa desigualdade no enfrentamento do problema de “Apartheid da Adaptação”.

As prevenções colocadas em prática nos países pobres são extremamente precárias. Na Índia, no Delta do rio Ganges, para os crescentes riscos de enchentes mulheres estão construindo como refúgio plataformas elevadas feitas de bambu. Para o Egito, o aumento do nível do mar pode custar U$ 35 bilhões e causar o desalojamento de dois milhões de pessoas.

Por outro lado, os países ricos possuem muito mais recursos para aplicar em defesas contra enchentes, sistemas de armazenamento de água e em modificações na agricultura. Apenas como exemplo, o Japão elaborou planos de proteção do país contra a elevação dos níveis do mar, cujos custos poderiam chegar a $93 bilhões. Atualmente, o Reino Unido gasta anualmente US$1,2 bilhão no manejo de enchentes e prevenção da erosão costeira. A Agência Ambiental requisitou US$ 8 bilhões a serem investidos no fortalecimento das defesas contra enchentes em Londres.

O contraste entre ricos e pobres na luta contra os efeitos do aquecimento global são enormes. US$ 279 milhões foram prometidos ao Fundo Especial de Mudança Climática, formado para ajudar os países pobres. Isso corresponde à metade do que o estado alemão de Baden Würtemberg planeja gastar anualmente para fortalecer suas proteções contra enchentes.

O relatório mostra que "o mundo caminha para um ponto em que os países e os cidadãos mais pobres podem ficar permanentemente aprisionados em uma espiral de pobreza".

Os países mais ricos representam 13% da população mundial. No entanto, são essas nações economicamente mais desenvolvidas responsáveis por mais da metade da emissão dos gases de efeito estufa. O documento aponta as nações mais industrializadas como responsáveis pelos atuais danos ao planeta e ressalta que o impacto será maior sobre os 40% mais pobres do mundo, 2,6 bilhões de pessoas.

O relatório recomenda que os países do mundo comecem a trabalhar em acordos para a substituição do Tratado de Kyoto, sobre as emissões de Co2. Assinado em 1997, o tratado entrou em vigor em 2005 com a meta de reduzir em 5% as emissões de gases poluentes. Porém, até agora a maioria dos 141 signatários aumentou suas emissões. Os EUA, maior poluente do mundo, não assinou o Tratado de Kioto.

O Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD é um importante suporte para as negociações em Bali, na Indonésia, para um acordo pós-Kioto. Em Bali vai se realizar entre 3 e 14 de dezembro a Convenção Marco sobre Mudança Climática. Este encontro, que reunirá representantes de 180 países, estabelecerá uma estratégia de dois anos para se alcançar um novo acordo internacional de redução de emissões para depois de 2012, data em que o Protocolo de Kioto ficará sem efeito.
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POR José Pires

Um comentário:

Mariah disse...

Vamos pensar Ecologicamente...
Vamos economizar água e energia,
Vamos preservar as áreas e espécies ambientais,
Vamos plantar árvores,
Vamos consumir produtos biodegradáveis,
Vamos reciclar...

Devemos preservar os recursos naturais, reparar e sobretudo prevenir contra os danos produzidos pelas atividades humanas.

A civilização sempre dependeu da água. Agora é o inverso: a água é que dependerá do nosso grau de civilização. Dependerá, principalmente, do quanto estamos dispostos a pagar.