sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um dia para comemorar no futuro

Neste dia 5 de junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas o que poderia ser a ocasião de uma bela celebração acaba trazendo graves preocupações e o sentimento de pesar pelo pouco que foi feito nesses quase quarenta anos da instituição desta data.

O Dia Mundial do Meio Ambiente surgiu há 37 anos, na Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, capital da Suécia. De lá para cá, entretanto, a trajetória da humanidade tem sido de desacertos em relação às medidas necessárias para a proteção do ambiente global e a instalação de um desenvolvimento em harmonia com a ecologia.

Neste período aconteceram até uma série de entendimentos internacionais com base nos riscos ambientais, com a assinatura inclusive de acordos da importância do Protocolo de Kyoto, sem que, no entanto, tenham sido tomadas medidas práticas pelo conjunto das nações.

O protocolo de Kyoto é de um peso altamente simbólico desta frustração. É um exemplo forte da dificuldade humana em atacar de forma objetiva problemas que colocam em risco a nossa própria existência. Firmado pela maioria das nações para estabelecer metas de redução na emissão de gases que provocam alterações climáticas no planeta, o acordo já de início teve sua aplicação prejudicada com a retirada dos Estados Unidos, país com um peso histórico na degradação ambiental do mundo e com altíssima taxa de emissão de gases, superado só pela China a partir de 2007.

A participação dos EUA foi confirmada pelo governo Clinton em 1998, mas em março de 2001 o país se retirou sob o comando de George W. Bush, com a alegação de que seu cumprimento prejudicaria a economia norte-americana.

Quando ocorreram as negociações para o Protocolo, as descobertas sobre o impacto das ações do ser humano no clima do planeta levaram especialistas a afirmar que as mudanças de temperaturas teriam um peso superado somente por uma guerra nuclear.

Ainda não estamos vivendo tal drama, mas o que ocorreu de lá pra cá foi um aumento do problema climático mundial, com consequências que já podem ser sentidas até mesmo em cidades brasileiras.

O próprio Protocolo de Kyoto chega ao fim sem o cumprimento de quase a totalidade de suas resoluções.

É muito tempo perdido. E considerando as quase quatro décadas decorridas desde a criação do Dia Mundial do Meio Ambiente, o desperdício pode até ser superior aos anos que temos pela frente para recuperar as perdas.

O que se produziu até agora — em paralelo à intensa discussão sobre a tragédia ecológica que se desenha — foi o crescimento e a aceleração da poluição do ar, dos mares e da água, além de um aumento assustador do desmatamento.

A exploração dos recursos naturais seguiu no mesmo ritmo, com a devastação da natureza em vastas porções de territórios de variados países, trazendo a escassez de água e o surgimento de imensas extensões de terra onde nada mais se produz e nem ocorrem mais os naturais processos de recuperação. A ganância leva também ao esgotamento das reservas mundiais de minérios essenciais para o nosso bem estar e insubstituíveis na manutenção das novas tecnologias.

O Dia Mundial do Meio Ambiente acabou se tornando um espelho do nosso fracasso em tornar respeitável uma data que homenageia tudo o que nos rodeia. O que nos resta é trabalhar muito para que os nossos filhos ou netos ainda possam celebrar com festa este dia.

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