terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Desmatamento é cada vez maior

O Brasil coleciona más-notícias na área do meio-ambiente. No início do mês foi a notícia de repercussão internacional sobre o desmatamento recorde da Amazônia. O ritmo cresceu de modo alarmante no último semestre de 2007.

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), baseados em imagens de satélite obtidas pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), foram derrubados 3.235 quilômetros quadrados de floresta, dos quais 1.922 quilômetros quadrados em novembro e dezembro, quando normalmente não há desmate por causa das chuvas.

Mas a situação pode ser ainda pior. Os números do sistema Deter costumam ser aumentados quando o governo anuncia os dados de outros sistema mais preciso , o Prodes (Projeto de Monitoramento de Cálculo do Desflorestamento na Amazônia). O Deter não tem resolução para pegar as pequenas áreas, por isso o Prodes é que faz os registros definitivos. Isso faz com que alguns já prevejam a possibilidade de mais de que seis mil quilômetros quadrados de floresta tenham sido desmatados no segundo semestre de 2007.

Especialistas e o próprio ministério do Meio Ambiente apontam entre as causas do desmatamento o avanço do gado da Amazônia e a derrubada de árvores para as siderúrgicas de ferro-gusa. O fato de o maior aumento na derrubada de árvores ter acontecido nos estados do Mato Grosso (54% do total), Pará (18%) e Rondônia (16%), estados onde a pecuária e o plantio de soja são muito fortes, faz dessas duas atividades as mais suspeitas da derrubada da floresta.

Mas até a atuação do presidente Lula como garoto-propaganda das supostas vantagens do etanol pode ter estimulado a destruição. Lula alardeia que existe terra sobrando no Brasil para plantar cana e que, portanto, pode haver a expansão da cultura da cana-de-açúcar sem pressionar o preço dos alimentos ou forçar o desmatamento. Evidentemente o presidente fala isso sem base técnica alguma e até contratriando dados de seu próprio governo. É um discurso meramente político e que contradiz a opinião de especialistas. Mas a euforia de Lula com o etanol tem como efeito a expansão da cana-de-açúcar, que pode estar empurrando as outras culturas em direção às florestas.
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POR José Pires

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