sábado, 15 de março de 2008

Remédios contaminam água potável nos EUA

Uma pesquisa feita pela Associated Press (AP) revelou a presença de vários tipos de medicamentos como soníferos, calmantes, anticonvulsivos, antidepressivos e até mesmo hormônios na água potável de 41 milhões de americanos. A AP é atualmente a maior agência de notícias do mundo e está presente em 97 países.

Em cinco meses de investigação, a pesquisa detectou drogas nos suprimentos de água de 24 grandes cidades metropolitanas, como Nova York, New Jersey, Detroit, Louisville, San Francisco, Los Angeles, Las Vegas, Philadelphia e Washington. Os exames laboratoriais de amostras de água revelaram 63 tipos diferentes de medicamentos e derivados.

Os medicamentos chegam à água encanada porque as estações de tratamento não detectam seus traços. Elas são programadas para filtrar bactérias. Os remédios chegam ao sistema de esgotos e seguem até às estações de tratamento eliminados pelo suor, misturados à água do banho e também pelo descarte no vaso sanitário e pias e voltam aos encanamentos misturados à água potável.

Não é novidade a preocupação com os danos ao meio ambiente que podem ser causados pelo descarte inadequado de remédios, mas é a primeira vez que um amplo estudo comprova a contaminação da água potável. Foram cinco meses de investigação nos suprimentos de 24 grandes áreas metropolitanas dos Estados Unidos.

Dos 62 grandes fornecedores consultados pela AP, apenas 28 comercializavam água potável submetida a testes laboratoriais para detectar esse tipo de substância. O governo norte-americano não exige teste em laboratório e as leis referentes à água potável não impõe limites à presença de produtos farmacêuticos.

A AP informou que, a menos que sejam pressionados, os fornecedores não divulgam os resultados de testes para a detecção de produtos farmacêuticos. O diretor de um grupo que representa grandes fornecedores da Califórnia disse para a agência de notícias que o público “não sabe como interpretar as informações" e poderia se alarmar sem necessidade com os dados.

As empresas farmacêuticas também se apressaram em afirmar que a contaminação não causa problemas à saúde humana. De fato, as concentrações desses produtos são muito reduzidas, bem abaixo de doses médicas, mas cientistas temem pelas conseqüências que a exposição a esses resíduos farmacêuticos pode provocar a longo prazo.

Mas mesmo entre representantes de indústrias farmacêuticas existe uma preocupação com o problema. Em uma conferência feita no ano passado, Mary Buzby, diretora de tecnologia da companhia farmacêutica Merck, disse que “produtos farmacêuticos estão sendo detectados no ambiente e há temores genuínos de que esses compostos, nas pequenas concentrações em que se encontram, podem ter impactos sobre a saúde humana."
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POR José Pires

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